Autora:
Mônica de Castro
Ano:
2016
Páginas:
472
Editora:
Vida & Consciência
Sinopse:
O que você faria se tivesse a oportunidade de modificar seu passado e,
consequentemente, alterar seu futuro? Aproveitaria essa chance e transformaria
o pesadelo em sonho, ou ficaria paralisado diante da dúvida e do inevitável?
O tempo é uma infinita sucessão de mistérios e alguns estão bem ao alcance da
compreensão de Jaqueline e Alícia. Mas o que essas duas pessoas poderiam ter em
comum?
Se você se libertar das limitações da mente racional, que tudo questiona, sem
nada compreender, verá que o universo é único e que a ideia de separação é mais
uma ilusão criada pela pequenez de nossa mente, para a qual é difícil
compreender a grande verdade de que somos todos UM.
***
Jaqueline
está com 19 anos e já teve mais experiências traumáticas do que a maioria das
pessoas pode suportar. O pai faleceu quando ela tinha 10 anos e logo sua mãe se
casou novamente.
Assim ela
passou a conviver com o seu primeiro algoz. Seu padrasto, que também era seu
tio, após se cansar de espancar a esposa passou a espancá-la também. E depois
ao seu irmãozinho com apenas 4 anos.
Quando a
Jaqueline completou 13 anos, ele não se contentou com as surras e a violentou.
Foi deste dia em diante que seu primeiro calvário começou. Ele passou a abusar
da sobrinha diariamente sempre que a esposa saía para trabalhar.
Ela só
conseguiu se livrar do tio quando sua mãe faleceu. Uma “chance” surgiu e acabou
por empurrá-la a se livrar daquele mal. Pelo menos era o que ela pensava.
Ao chegar
ao Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, vê-se obrigada a seguir na profissão
de prostituta já que era a única oportunidade de trabalho que apareceu. Ela
tinha que se sustentar e ao irmão.
E foi
quando a Jaqueline conheceu seu segundo algoz. Um político que sentia prazer em
espancar suas amantes. Seu segundo calvário teve início.
Numa
dimensão paralela conhecemos a história da Alícia, casada com o Juliano e louca
para engravidar, mas não conseguia.
Alícia
começa a ter sonhos e visões com uma jovem. Isso acaba por desencadear uma
busca por respostas que a leva diretamente para o precipício da verdade.
Sua vida
sofre uma transformação total. Tudo aquilo que ela pensava ser uma certeza se
transmuta em dúvida.
Segredos
guardados há 30 anos são devolvidos pelo precipício e atirados no seu colo. As
revelações repercutem e abalam toda a sua família.
Estas
duas mulheres vivem em dimensões paralelas e têm uma ligação especial. Quando
se encontram descobrem a verdadeira força do destino.
Depois
desta breve explanação da história falarei das minhas percepções durante a
leitura.
A trama
aborda temas fortes. Alguns deles a grande maioria das pessoas preferem fazer
vista grossa e nem se quer perdem um minuto do seu tempo para pensar sobre
eles.
Abuso sexual
infantil: É comprovado pelas estatísticas que em aproximadamente 90% dos casos
o agressor é um parente da criança ou adolescente. E que em vários desses casos
a mãe tem uma co-participação. Ou ajudando no ato ou fingindo que não percebe o
que acontece dentro da própria casa.
Prostituição:
Algumas dessas crianças que sofrem abusos não vêm mais um futuro brilhando a
sua frente. Já sofreram tanto que se deixam ser usadas para sobreviver. Elas
não possuem uma perspectiva no amanhã. Tenho que me alimentar hoje e só tenho o
meu corpo a oferecer. Então que seja. Este é apenas um dos motivos que levam
uma pessoa a se submeter a esta vida degradante.
Foi
exatamente isso que aconteceu com a personagem Jaqueline. Ela sofreu o abuso
sexual e procurou ajuda indo falar com a única pessoa que ela confiava para lhe
proteger: a mãe. Não obteve a ajuda e se calou.
Esta
atitude se torna ainda mais traumática para uma criança do que o ato do abuso.
Ela se sente completamente sozinha e desamparada. Se a própria mãe não acredita
nela, quem irá acreditar? Então o melhor a fazer é aguentar tudo em silêncio.
O abuso
psicológico neste caso tem um impacto devastador na alma da criança. Ela passa
a acreditar ser merecedora de todo aquele sofrimento.
Quando
chega a fase adulta, se é que consegue, está tão habituada a ter o corpo
violado que seguir na profissão de prostituta só tem uma modificação: ela
recebe uma ninharia que dá pelo menos para se alimentar.
Já no
caso da Alícia, o que a impedia de engravidar era uma obsessão com o passado.
Ela não conseguia se desligar de coisas que lhe aconteceram em outras vidas e
as trouxe para sua nova encarnação.
O detalhe
importante da história dela é que a Alícia vive numa dimensão futura. Um mundo
onde as pessoas são muito mais evoluídas. O Mal foi reduzido ao tamanho que
deve ter: quase nulo. Não se pode extingui-lo ou não há motivo para existir o
Bem.
Quando
forem ler esta história prestem uma atenção extra nestas páginas: 154, 155,
156, 215, 281, 282, 283 e 284. Esta é a primeira vez que recomendo a leitura de
determinada parte. Estou fazendo, pois é exatamente nela que se encontram as
explicações para se entender a sequência da vida e a força do destino.
O futuro
narrado aqui é o desejado por todos os seres que estão em busca da evolução.
Isso não quer dizer que nos transformaremos em anjos encarnados. Continuaremos
temos qualidades e defeitos. Sem defeitos não seríamos mais humanos.
Temos
nesta trama narrada pela Mônica temos vários “professores” que através das suas
histórias transmitiram lições muito importantes para o leitor.
O ciclo
de amor e ódio entre dois seres que se arrasta por séculos que só será quebrado
no momento que um deles se decidir pelo amor. Este fato serve para explicar o
motivo que leva uma mãe a odiar o seu filho ou visse e versa.
Caso o
ódio prevaleça uma opção para terminar com ele é o nascimento dos gêmeos
xifópagos, que pode ser escolhida pelos dois em comum acordo ou imposta. Em
alguns casos a contenda é resolvida. Em outros o ódio aumenta e eles acabam
vivendo literalmente num inferno já que não podem se livrar um do outro.
Esconder
a verdade achando que ao colocá-la enterrada no jardim ficará lá sem germinar.
Por mais fundo que tenha sido o buraco no qual a jogou um dia ela conseguirá
seguir o rumo da luz e brotará. Suas raízes estarão tão profundas que o tronco
se transformará num poderoso destruidor de casas.
Por mais
difícil ou doloroso que seja temos que priorizar dizer sempre a verdade. Um
segredo que envolva mais de uma pessoa passa a ser problema. E um problema
precisa ser solucionado e não camuflado.
O perdão.
Este é o quesito fundamental para se desvencilhar dos grilhões do passado.
Quando nos deixamos acorrentar pelas coisas que nos aconteceram ficamos exatamente
como uma raposa presa numa armadilha do caçador esperando apenas o momento da
nossa morte. Ao pisarmos nesta armadilha temos as seguintes opções: debater-nos
e ferir a perna sem conseguir a liberdade, sentar e esperar ou usar a nossa inteligência
a nosso favor arrancando a corrente da terra. Como fazemos isso se não somos
como o Hércules da mitologia? Através do perdão. Perdoar o outro, nos dá a
força para arrancar a corrente e nos perdoar, nos dá a força para abrir o grilhão.
Confesso
que se estivesse no lugar da Jaqueline não seria capaz de perdoar o agressor.
Teria o enviado para o inferno dos católicos ou o umbral dos espíritas mais
cedo. Posso perdoar quase tudo que uma pessoa faça, mas duas coisas não:
crueldade contra um animal e estupro, tanto de mulheres quanto de
crianças. Provavelmente terei que passar
mais um tempo reencarnando até modificar este conceito, mas por enquanto é este
o “defeito” que manterei. Exercitando dizer a verdade sempre.
Nosso
destino não está escrito com tinta definitiva. Ao nascermos trazemos um esboço
do que será. Nossas escolhas é que determinarão o nosso futuro. Receberemos
auxílio do astral de diversas maneiras para permanecermos no caminho da nossa
felicidade. Pode ser através de um sonho ou um pressentimento. Muitas vezes ignoramos
estes avisos e acabamos tendo experiências bastante duras da vida. Mas não é a
vida a culpada por nossa decisão de aprender pela dor. Somos nós.
Também
não devemos nos fazer de vítimas e aceitarmos o sofrimento como purificação dos
pecados. Ninguém veio a este mundo para sofrer. Viemos para aprender o
verdadeiro significado do amor incondicional. E sermos felizes. Mas para que
isso se realize às vezes temos que passar por um grande desgosto para valorizarmos
o que realmente tem valor.
O destino
é implacável. Ele nos guia, mas não nos subjuga. Auxilia e não ordena. Ensina
de um jeito ou de outro a sermos melhores hoje do que fomos ontem. Esta é a lei
da evolução. Quem não a seguir terá que ser convidado a se retirar do campo,
pois os jogadores que ficarem, mesmo sendo de times adversários, serão todos
vencedores.
Um leve bater de asas para todos!!!!
Khrys Anjos