Título: A
Hora da Bruxa
Autor:
Hermes M. Lourenço
Ano: 2015
Páginas:
200
Editora:
Letramento
Sinopse: Miriam
Anala é uma bruxa que, por se apaixonar, foi torturada e condenada à morte pela
Santa Inquisição em outra vida. Após sua morte, ela foi sentenciada
injustamente a viver na escuridão. Movida pela sede de vingança e como forma de
corrigir o “erro de julgamento”, ela tem a chance de voltar em nosso presente e
fazer justiça com as próprias mãos sobre seus inquisidores que vivem na cidade
de Belo Horizonte. Usando seus poderes, uma perseguição irá começar, e o sangue
derramado poderá trazer-lhe a verdadeira libertação e registrar sua história.
Para impedi-la, um delegado e um maníaco irão persegui-la, movidos pelo mesmo
instinto maléfico que a condenou no passado. Uma caçada sem limites está
prestes a começar em meio à descoberta de uma nova paixão.
***
A sinopse
já permite ao leitor ter uma breve noção do que acontece na história então
passarei diretamente ao que senti ao lê-la.
Sabe
aquele tipo de história que criamos uma enorme expectativa para ler e quando a
lemos percebemos que não a alcançou? Pois foi exatamente o que aconteceu comigo
com relação A hora da bruxa.
A
primeira história que li do autor Hermes Marcondes foi marcada pela delicadeza
e pela emotividade então eu esperava algo deste gênero. Ledo engano. Posso
dizer que a primeira história foi narrada pelo Marcondes enquanto esta aqui foi
pelo Hermes. Ele se encontrou e simplesmente se superou.
Minhas
expectativas não foram alcançadas, foram esmagadoramente ultrapassadas. Cheguei
ao final da leitura com um imenso UAU! gritando no peito. O Hermes conseguiu me
deixar totalmente extasiada com sua trama.
Sou uma
fã de histórias com bruxas. Este é o meu universo particular. Então quando li a
sinopse fiquei mega curiosa para conhecer a Miriam Anala. E agora que a conheci
me tornei sua admiradora.
No
passado ela foi brutalmente corrompida no corpo e na alma. Viveu na pior época
da História da humanidade. Sofreu nas mãos de um louco que se intitulava Deus e
usava seu poder como cardeal para cometer os atos mais bárbaros, cruéis, desumanos
e demoníacos que se possa imaginar.
Ao se
libertar daquela torturante sobrevida Miriam foi condenada a viver na escuridão
e seu espírito sofreu as mesmas amarguras que o seu corpo sofreu quando estava
viva.
Então lhe
deram uma chance de equilibrar a balança já que um erro havia sido cometido com
o seu julgamento. E ela optou pela vingança. Que atire a primeira pedra aquele
que ao ser ferido seja em que nível for, não tenha tido este desejo.
Como ela
tinha o conhecimento místico da magia Wicca teve a permissão de usar seus dons
e ela o fez. Utilizou todo o conhecimento adquirido naquela existência para
libertar a sua alma de toda a dor e angústia vivenciadas durante tantos anos.
Muitos
irão considerá-la tão bárbara, cruel, desumana e demoníaca quanto os seus
algozes. Eu não.
Ter uma
mulher ferida tanto no corpo quanto na alma como inimiga é extremamente
perigoso. Ter uma bruxa nestas mesmas condições, é fatal.
As
pessoas estão acostumadas a induzirem ao perdão. Quem tem esta capacidade
latente é ótimo. Esquecer o que o outro lhe fez e seguir em frente é uma das
maneiras mais eficazes de nos fazer ir de encontro com a nossa evolução.
Sou a
favor disso. Porém no caso da Miriam não havia outra opção para ela. O que
aqueles seres monstruosos lhe fizeram não poderia em hipótese nenhuma ser
esquecido nem perdoado. Por mais que isso se torne um ciclo vicioso onde em uma
encarnação o algoz vire vítima e na próxima a vítima vire algoz, temos que
reconhecer o quanto a Miriam necessitava desta reparação.
Seus
torturadores não se arrependeram dos atos cometidos naquela vida e nesta nova
existência agiam da mesma maneira transformando as vidas dos seus semelhantes
num inferno.
Não tive
pena de ninguém que recebeu o castigo merecido por suas atitudes. Tiveram duas
inocentes na história, mas o que se pode esperar de uma roda da vingança se não
acabar que leve alguém que não merecia junto com quem estava predestinado a ser
esmagado por ela.
As lições
transmitidas com ela leitura são profundas e inúmeras. Somos totalmente
responsáveis pelas nossas escolhas. Nosso destino é escrito em determinação dos
nossos atos, das nossas atitudes. Conviver com as consequências é extremamente necessário.
Sou
adepta de um conceito que a maioria das pessoas não aceita por questões de
religião: Se bater na minha face eu virarei a outra, mas cuidado com a força
que eu usarei, pois, a outra face que lhe darei será as costas da minha mão
quando o tapa for direcionado ao seu rosto.
A Miriam
só não me fez querer convidá-la para fazermos um passeio pois acabou fazendo
mal a alguns animais e vocês sabem que mexeu com eles viro fera né?
A
vingança é um prato extremamente perigoso pois pode acabar por envenenar quem o
está ingerindo. O ódio que sentimos termina corroendo nossa alma. Só que
existem sim casos onde ela é necessária. Como foi com esta história onde o
ciclo das trevas precisava ser quebrado. O equilíbrio tinha que ser novamente
estabelecido.
E a
Miriam realizou esta tarefa de uma forma espetacularmente intensa. Suas
demonstrações de conduta a colocaram num patamar que seria classificado como
sádica. Porém o que eu vi foi uma mulher ferida que possuía dentro dela duas
feras. Quem escolheu a fera errada para alimentar que viva ou morra com a
consequência.
O Hermes
colocou de forma brilhante a escala da evolução da humanidade que na verdade é
uma involução apesar dos espiritualistas não concordarem com isso. Não tem como
aceitar que o ser humano evoluiu e se tornou muito pior.
Então
quem estiver a fim de uma história sobre a realidade humana com uma leve pitada
de sobrenatural tem nesta leitura sua grande chance de se extasiar com o
talento do Hermes.
E sim tem
romance também afinal foi o amor que detonou toda esta trama.
Khrys Anjos
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