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sexta-feira, 2 de junho de 2017

(Resenha) Ídolos de barro - Ana Cristina Vargas

Título: Ídolos de barro 

Autora: Ana Cristina Vargas

Ano: 2017

Páginas: 432

Editora: Vida & Consciência



Sinopse: Saiba como uma mulher bela, talentosa, envolvente e decidida utiliza poderes da sedução para conquistar a glória nos palcos de Paris durante a Belle Époque e oculta de si mesma a ânsia profunda de amar e ser amada. Inesperadamente, ela reencontra um amor de muitas existências, desencadeando dilemas entre a paixão e a fama, entre vivenciar profundos sentimentos ou a superficialidade da experiência material, entre o imortal e o transitório. Arte, fama, poder, sentimentos vividos na marginalidade, reencarnação e uma tocante lição de fé na força do amor são os convites maiores registrados nestas páginas.




***  




Neste livro não temos apenas uma história escrita. Temos uma verdadeira narrativa de vida.

São inúmeras as lições a serem absorvidas pelos leitores através das experiências vividas por cada personagem. E alguns de forma especial.

Irina chega a Paris fugindo do passado e decidida a se tornar uma estrela. Para isso não se importa com os meios a serem utilizados para conquistar a fama e a riqueza.

Continua a levar a vida de prostituta que vivia na Rússia só que agora com mais glamour. Se torna dançarina e as portas para a glória do estrelato são abertas para ela.

Usa seu corpo como instrumento para conseguir alcançar o seu objetivo e faz dos homens seus meros brinquedos que a proveem com jóias e dinheiro.

Quando reencontra sua alma gêmea que a acompanha por várias existências entra em conflito com ela mesma. Ao aceitar o relacionamento com o Gaultier passa a agir de forma mais centrada e equilibrada. Mas a separação forçada do seu único amor a faz desistir de lutar e ela se joga no abismo do excesso: sexo, drogas e álcool.

Ela não estava preparada para o distanciamento astral e preferiu ir pelo caminho mais fácil: fugir através do esquecimento proporcionado pelas drogas.

No decorrer da história da vida da Irina caminhamos no meio da História da humanidade. Ela viveu durante o período mais conturbado e violento da nossa evolução. A Era Nazista.

E conforme a narrativa se aprofunda na vida da Irina vamos conhecendo alguns fatos sobre a época que não foram totalmente esclarecidos.

Em minha opinião Hitler não foi apenas o monstro que muitos classificaram. Ele foi o instrumento utilizado para ensinar a raça humana a ser mais humana. O mal gerado por ele e seus aliados permitiu que o bem fosse gerado também. Se não houvessem acontecido aquelas barbáries dentro e fora da Alemanha para exterminar os judeus e seus simpatizantes não haveriam surgida as pessoas dispostas a lutarem pela paz, as que se dispuseram a ajudar os refugiados a escaparem da morte, as que foram contra e não cruzaram os braços, as que tiveram a força para perseverar no caminho do bem para todos.

Foram muitas as atrocidades, mas também tiveram muitos heróis sem rosto ou sem nome que agiram em prol da justiça e que não recuaram diante da violência e da crueldade praticada contra o povo.

Hitler serviu como o peso necessário para equilibrar a balança onde estava o Bem sentado junto com as qualidades e virtudes. O outro lado precisava ser preenchido pelo Mal com os seus defeitos e pecados.

Esta é uma verdade indiscutível: Para que o bem exista é necessário que o mal nos atinja para que a nossa Luz se expanda e atraia a Luz das outras pessoas.

O bem vence o mal, mas o mal é essencial para que o bem viva. Ele não pode ser exterminado, pois assim o bem perde a sua valia.

E nós somos compostos destes dois lados da moeda. Temos tanto o bem quanto o mal vivendo dentro de nós. O que temos que fazer a cada dia é travarmos uma batalha para dominar e adestrar o mal para que ele não se apodere da nossa mente direcionando as nossas atitudes.

Uma coisa que sempre falo para quem me conhece é que o que um ser humano é capaz de fazer o restante da humanidade inteira também é capaz. Ou já praticou no passado, ou pratica no presente ou virá a praticar no futuro. Pois mesmo sendo seres individuais fazemos parte de um todo.

Como poderíamos desenvolver a caridade e a compaixão se não fossemos obrigados a presenciar as barbáries, as atrocidades e as crueldades das guerras.

No caso do Hitler ele externou seus preconceitos, foi fiel aos seus conceitos e criou um exército de seguidores para colocar seus planos em ação. Mas apenas ele foi considerado um monstro. As mãos que empunharam as armas e as drogas que exterminaram milhares de pessoas não tiveram rostos e seus donos não tiveram nomes. Ele foi um líder, mas seus seguidores não foram obrigados a fazerem o que fizeram.

Agora me digam o que mudou depois do fim da era nazista. O preconceito racial e a homofobia acabaram?

Nós continuamos arrastando esse câncer que corrói a humanidade e achamos que somente um tirado louco como o Hitler deve ser punido. Estamos acostumados a julgar e condenar os atos dos outros e esquecemos de olhar para dentro de nós mesmos.

Absolutamente tudo nesta vida é uma questão de escolhas. Esta é a principal mensagem desta obra.

Somos nós que determinados o nosso destino com as decisões que tomamos. Antes de reencarnarmos criamos um cronograma de atitudes para evoluirmos em cada área e ao encarnarmos simplesmente desistimos e vamos por um caminho que na maioria das vezes é o aparentemente mais fácil, porém ao ser analisado se mostra o mais difícil, pois nos arrasta para abismos onde a areia é movediça e a água está cheia de lodo.

O pior conselheiro que seguimos é a ilusão. Nós criamos um ser perfeito e o colocamos num pedestal para adorá-lo. E quando este ser se mostra diferente do que idealizamos ficamos chocados e irritados. Culpamos o outro pela ilusão sendo que quem a criou fomos nós mesmos. E fazemos isso com pessoas e situações.

A Irina utilizou exatamente desta artimanha para galgar a escadaria da fama e da fortuna. Ela usava a luxúria para enredar os seus amantes e eles iam ao seu encontro como moscas em volta de uma lâmpada.

Alguns personagens merecem um destaque muito especial nesta trama, por isso sugiro que prestem atenção nas lições transmitidas pela Marion, pelo Duvernoy, pelo Jean Paul, pelo Richard, pela Ryane e pela Laura. O Gaultier também se tornou um mestre ao longo da história.

Não tem como enumerar ou mostrar aqui nesta resenha as inúmeras lições. São aprendizados que farão uma grande diferença na vida de quem os incorporar no seu dia a dia através da reflexão e da mudança de atitudes.

Este livro não é para ser lido de forma leviana. É para ser lido atentamente permitindo que cada gota de sabedoria existente nele entre em nossas veias e faça parte de nós.

Esta obra é aquele tipo de leitura que nunca nos cansamos de ler. E deve mesmo ser lida e relida várias vezes, pois cada vez que a relermos iremos encontrar um novo pensamento para agregar a nossa evolução.

Aqui os ídolos são de barro, pois são seres humanos, e a história é a pedra bruta de diamante mais puro e valioso que a humanidade já teve o prazer de encontrar.

Terminei a leitura fazendo o gesto mais desejado pelos artistas que se apresentam num palco: aplaudindo de pé e pedindo bis.

Então não posso deixar de agradecer imensamente ao espírito José Antônio por escolher a história da Irina para nos proporcionar esta gama de aprendizado para as nossas vidas.



Um leve bater de asas *O:-) anjinho  *O:-) anjinho  para todos!!!!

Khrys Anjos

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