Autora: Ana
Cristina Vargas
Ano: 2017
Páginas:
432
Editora:
Vida & Consciência
Sinopse: Saiba
como uma mulher bela, talentosa, envolvente e decidida utiliza poderes da
sedução para conquistar a glória nos palcos de Paris durante a Belle Époque e
oculta de si mesma a ânsia profunda de amar e ser amada. Inesperadamente, ela
reencontra um amor de muitas existências, desencadeando dilemas entre a paixão e
a fama, entre vivenciar profundos sentimentos ou a superficialidade da
experiência material, entre o imortal e o transitório. Arte, fama, poder,
sentimentos vividos na marginalidade, reencarnação e uma tocante lição de fé na
força do amor são os convites maiores registrados nestas páginas.
***
Neste livro não temos apenas uma história escrita.
Temos uma verdadeira narrativa de vida.
São inúmeras as lições a serem absorvidas pelos
leitores através das experiências vividas por cada personagem. E alguns de
forma especial.
Irina chega a Paris fugindo do passado e decidida
a se tornar uma estrela. Para isso não se importa com os meios a serem utilizados
para conquistar a fama e a riqueza.
Continua a levar a vida de prostituta que vivia na
Rússia só que agora com mais glamour. Se torna dançarina e as portas para a
glória do estrelato são abertas para ela.
Usa seu corpo como instrumento para conseguir
alcançar o seu objetivo e faz dos homens seus meros brinquedos que a proveem com
jóias e dinheiro.
Quando reencontra sua alma gêmea que a acompanha
por várias existências entra em conflito com ela mesma. Ao aceitar o
relacionamento com o Gaultier passa a agir de forma mais centrada e
equilibrada. Mas a separação forçada do seu único amor a faz desistir de lutar
e ela se joga no abismo do excesso: sexo, drogas e álcool.
Ela não estava preparada para o distanciamento
astral e preferiu ir pelo caminho mais fácil: fugir através do esquecimento
proporcionado pelas drogas.
No decorrer da história da vida da Irina
caminhamos no meio da História da humanidade. Ela viveu durante o período mais
conturbado e violento da nossa evolução. A Era Nazista.
E conforme a narrativa se aprofunda na vida da
Irina vamos conhecendo alguns fatos sobre a época que não foram totalmente
esclarecidos.
Em minha opinião Hitler não foi apenas o monstro
que muitos classificaram. Ele foi o instrumento utilizado para ensinar a raça
humana a ser mais humana. O mal gerado por ele e seus aliados permitiu que o
bem fosse gerado também. Se não houvessem acontecido aquelas barbáries dentro e
fora da Alemanha para exterminar os judeus e seus simpatizantes não haveriam
surgida as pessoas dispostas a lutarem pela paz, as que se dispuseram a ajudar
os refugiados a escaparem da morte, as que foram contra e não cruzaram os
braços, as que tiveram a força para perseverar no caminho do bem para todos.
Foram muitas as atrocidades, mas também tiveram
muitos heróis sem rosto ou sem nome que agiram em prol da justiça e que não
recuaram diante da violência e da crueldade praticada contra o povo.
Hitler serviu como o peso necessário para
equilibrar a balança onde estava o Bem sentado junto com as
qualidades e virtudes. O outro lado precisava ser preenchido pelo Mal com os seus defeitos e pecados.
Esta é uma verdade indiscutível: Para que o bem
exista é necessário que o mal nos atinja para que a nossa Luz se expanda e atraia
a Luz das outras pessoas.
O bem vence o mal, mas o mal é essencial para que
o bem viva. Ele não pode ser exterminado, pois assim o bem perde a sua valia.
E nós somos compostos destes dois lados da moeda. Temos tanto o bem quanto o mal vivendo dentro de nós. O que temos que fazer a cada dia é travarmos uma batalha para dominar e adestrar o mal para que ele não se apodere da nossa mente direcionando as nossas atitudes.
Uma coisa que sempre falo para quem me conhece é
que o que um ser humano é capaz de fazer o restante da humanidade inteira
também é capaz. Ou já praticou no passado, ou pratica no presente ou virá a
praticar no futuro. Pois mesmo sendo seres individuais fazemos parte de um
todo.
Como poderíamos desenvolver a caridade e a
compaixão se não fossemos obrigados a presenciar as barbáries, as atrocidades e
as crueldades das guerras.
No caso do Hitler ele externou seus preconceitos,
foi fiel aos seus conceitos e criou um exército de seguidores para colocar seus
planos em ação. Mas apenas ele foi considerado um monstro. As mãos que empunharam
as armas e as drogas que exterminaram milhares de pessoas não tiveram rostos e
seus donos não tiveram nomes. Ele foi um líder, mas seus seguidores não foram
obrigados a fazerem o que fizeram.
Agora me digam o que mudou depois do fim da era
nazista. O preconceito racial e a homofobia acabaram?
Nós continuamos arrastando esse câncer que corrói
a humanidade e achamos que somente um tirado louco como o Hitler deve ser
punido. Estamos acostumados a julgar e condenar os atos dos outros e esquecemos
de olhar para dentro de nós mesmos.
Absolutamente tudo nesta vida é uma questão de
escolhas. Esta é a principal mensagem desta obra.
Somos nós que determinados o nosso destino com as
decisões que tomamos. Antes de reencarnarmos criamos um cronograma de atitudes
para evoluirmos em cada área e ao encarnarmos simplesmente desistimos e vamos
por um caminho que na maioria das vezes é o aparentemente mais fácil, porém ao
ser analisado se mostra o mais difícil, pois nos arrasta para abismos onde a
areia é movediça e a água está cheia de lodo.
O pior conselheiro que seguimos é a ilusão. Nós
criamos um ser perfeito e o colocamos num pedestal para adorá-lo. E quando este
ser se mostra diferente do que idealizamos ficamos chocados e irritados. Culpamos o outro pela ilusão sendo que quem a criou fomos nós mesmos.
E fazemos isso com pessoas e situações.
A Irina utilizou exatamente desta artimanha para
galgar a escadaria da fama e da fortuna. Ela usava a luxúria para enredar os
seus amantes e eles iam ao seu encontro como moscas em volta de uma lâmpada.
Alguns personagens merecem um destaque muito
especial nesta trama, por isso sugiro que prestem atenção nas lições
transmitidas pela Marion, pelo Duvernoy, pelo Jean Paul, pelo Richard, pela
Ryane e pela Laura. O Gaultier também se tornou um mestre ao longo da história.
Não tem como enumerar ou mostrar aqui nesta
resenha as inúmeras lições. São aprendizados que farão uma grande diferença na
vida de quem os incorporar no seu dia a dia através da reflexão e da mudança de
atitudes.
Este livro não é para ser lido de forma leviana. É
para ser lido atentamente permitindo que cada gota de sabedoria existente nele
entre em nossas veias e faça parte de nós.
Esta obra é aquele tipo de leitura que nunca nos
cansamos de ler. E deve mesmo ser lida e relida várias vezes, pois cada vez que
a relermos iremos encontrar um novo pensamento para agregar a nossa evolução.
Aqui os ídolos são de barro, pois são seres
humanos, e a história é a pedra bruta de diamante mais puro e valioso que a
humanidade já teve o prazer de encontrar.
Terminei a leitura fazendo o gesto mais desejado
pelos artistas que se apresentam num palco: aplaudindo de pé e pedindo bis.
Então não posso deixar de agradecer imensamente ao
espírito José Antônio por escolher a história da Irina para nos proporcionar
esta gama de aprendizado para as nossas vidas.
Um leve bater de asas para todos!!!!
Khrys Anjos
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