Oi Gente.
Chegamos ao último post desta #SEMANAOCICLODAMORTE.
E hoje é o grande dia do lançamento:
Para comemorar temos uma cena especial:
Esta cena se passa 2 anos antes da história de O Ciclo da Morte, e foi escrita para a semana de divulgação do lançamento do livro. Foi uma das primeiras cenas com a Kelene que escrevi (rascunhei), e me ajudou bastante a entender a personalidade dela, mesmo não tendo entrado no livro (palavras da autora).
Aniversário
A vida é feita de escolhas. E cada uma delas tem o potencial para afetar não apenas a nossa própria vida, mas também a de todos ao nosso redor. Eu deveria ter me lembrado disto. Nunca se escapa das consequências, não importa quando tempo se passe.
Engolindo as lágrimas, eu olhei para meu celular mais uma vez. Dezenove chamadas não atendidas. E este número só iria aumentar. Não era para ser assim. Este dia deveria ser feliz, cheio de comemorações. Meu aniversário de dezoito anos. Ao invés disso, eu estava pagando o preço pelas minhas escolhas.
Meus pais estavam mortos. Eu tinha sido acordada pelo toque do celular, a voz impessoal do outro lado me dando a notícia. Um acidente de carro, disseram. Eles haviam morrido na hora.
Eu tinha me esquecido... Ou melhor, tivera esperanças de que apenas eu seria afetada. Ilusão. Tinha feito minha escolha, renovado um juramento que eu sabia que me prenderia por toda a minha vida, mais uma vez.
“Você saberá quando chegar a hora de fazer sua parte.”
As palavras frias da Morte estavam gravadas em minha memória. Eu só não tinha esperado que outras pessoas pagassem por minha escolha.
- Kelene?
A voz que me chamava era familiar, e eu levantei a cabeça para encarar Artur. Um colega da faculdade, apenas isto. Ele hesitou, antes de vir se sentar ao meu lado.
- Eu soube. – ele murmurou. – Não imaginei que te veria aqui hoje.
- Não, eu deveria estar no velório, não é? – minha voz era amarga, eu sabia que a culpa era minha, mesmo que ninguém mais suspeitasse. – Assistir enquanto todos aqueles abutres fingem se importar comigo, fingem que se importavam com meus pais, mas no fim das contas só querem estar próximo de quem tem o dinheiro.
Artur arregalou os olhos, mas não discutiu. Era por isto que tínhamos nos tornados amigos, até certo ponto. Ele também percebia os jogos de interesse e os desprezava.
O celular vibrou, e eu o desliguei. Não atenderia as ligações de condolências. Não responderia aos que perguntavam onde eu estava. Eu não tinha o direito de estar no velório, nem de chorar por eles. Um acidente, diziam. Mas eu entendia. Aquilo era apenas uma forma conveniente de disfarçar o que realmente acontecera, esconder qualquer estranheza.
A Morte sabia que eu entenderia o recado.
Balançando a cabeça, eu me levantei, sem falar nada. Ainda senti os olhos de Artur nas minhas costas enquanto ia em direção à saída da faculdade.
Era hora de cumprir minha parte do acordo.
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Um leve bater de asas para todos!!!!
Khrys Anjos
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