Autor:
Robson Gundim
Ano: 2016
Páginas:
274
Editora:
PenDragon
Sinopse: Com
a chegada das férias, três jovens estudantes decidem viajar para se divertirem
no melhor festival de rock da ilha de Vera Cruz. Movidos por uma harmonia
indestrutível, eles tomam a estrada e chamam a atenção de todos por onde
passam. Porém, nem tudo parece ser tão agradável como supunham, sobretudo
quando o líder de um grupo de motoqueiros resolve desafiá-los, mexendo com seus
medos e feridas, em uma implacável perseguição.
Sacanas do Asfalto é um livro recheado de suspense, ação e reviravoltas, em uma
homenagem ao renomado escritor e diretor Quentin Tarantino.
***
Não tem
como falar sobre uma história narrada pelo Robson sem mostrar o dom que ele
possui em dar (digamos) a segunda vida aos seus personagens os eternizando em
imagens.
A ilha de
Vera Cruz é o local escolhido para reunir um grupo de amigos e promover
encontros aguardados por corações apaixonados.
Teh Júnior e André
Teh Júnior e André
Arthur. Rob e Teh
O trio
composto por Arthur “Pequeno Homem”, Teh “Xena Brasileira” e Rob “Pen-Man se
encontra com a dupla Vana e Daisy para comemorar o aniversário do André. Ainda
se juntam ao grupo a Tainam e o Júnior.
Eles vão
para o bar mais badalado da cidade e acabam tendo uma experiência desagradável
que resulta no início de uma perseguição violenta ao grupo de amigos por uma
gangue de motoqueiros punks liderada pelo Dante, filho de um político influente
e cruel.
No meio
do caminho (literalmente) conhecem o traficante Samuel e seu comparsa Buda. A
partir daí precisam lutar (literalmente) para sobreviverem às próximas 24
horas. Alguns infelizmente não conseguem esta proeza e são descartados de forma
violenta da história.
Para que
tenham a chance de igualar suas forças com as dos inimigos ganham o reforço das
irmãs da Vana, Itana e Ivy, que compõem o “grupo” as 3 Furiosas. Na verdade a
força foi consideravelmente aumentada com a chegada da dupla.
E no
final os amigos “ganham” uma justíssima recompensa por sua bravura.
Esta
seria uma história comum, que acontece com uma certa frequência na nossa
sociedade, se não fosse por um detalhe mega importante: o autor.
O Robson
criou uma trama inspirada num dos ícones da arte cinematográfica, mas o seu jeito
talentoso de escrever tornou a história simples numa obra marcante.
Quem está
acostumado a assistir os filmes assinados pelo Quentin irá se sentir em casa. O
que não falta nesta trama é sangue escorrendo (literalmente) em todas as direções.
Se você, caro leitor, for muito sensível aconselho a deixar uma toalha ao lado
para limpar os respingos de sangue que por ventura caírem das páginas (ou mesmo
um pedaço de cérebro ou um olho perdido). O universo Tarantinesco não é para
quem tem medo de se sujar. É para os que estão dispostos a serem violentamente
fortes.
A
narrativa do Rob (o autor e não o personagem que também é escritor) é totalmente
viciante. A adrenalina corre ferozmente nas veias e a ação acontece do início
ao fim.
Tiros são
deflagrados e armas brancas usadas com maestria pelas mulheres. Isso mesmo. As
mulheres desta história não são como as donzelas dos contos de fada que esperam
o príncipe resolver o problema. Elas assumem a responsabilidade e dão conta do
recado de forma espetacular.
Sei que
muita gente vai dizer que a violência gera violência. Que devemos entregar os
bandidos nas mãos competentes da polícia e não fazer a justiça com as próprias
mãos. Como seria maravilhoso se isso fosse verdade.
Infelizmente
estamos vivendo numa época que torna a sobrevivência a única coisa importante a
fazer. Mesmo que para isso tenhamos que recorrer a meios não convencionais.
Não estou
aqui levantando uma bandeira a favor da barbárie. Apenas dizendo que se tivesse
a chance e a habilidade que as meninas demonstraram possuir em se defenderem
faria o mesmo que elas. E sem nenhum remorso depois. Estou totalmente no clima
dos Sacanas.
O que torna esta trama refletiva é que mostra que
para ser um protagonista de uma história o personagem não precisa ser certinho.
Os meninos e meninas aqui são usuários de drogas (ou já experimentaram alguma
vez) e não têm medo de usar um revolver ou uma faca para matar.
E o foco principal se torna a força feminina.
Todas as garotas da trama são guerreiras.
Vou revelar dois segredinhos para vocês:
1º Toda história que envolve gangues e crime
organizado sempre tem um policial disfarçado. Me surpreendi muito ao ver quem
foi o personagem escolhido pelo autor para esta missão suicida. Esperava que
fosse qualquer um menos este. Mas não irei estragar a surpresa de vocês. Quem
quiser saber qual é este personagem terá que ler o livro para descobrir.
2º Tem um verdadeiro serial killer na história. Do
início ao fim da trama totalizamos 15 corpos. Número bem expressivo para caracterizar
um assassino em série. E este nome eu revelarei: Robson Gundim. Esta façanha
poucos autores têm coragem de realizar. Criar 15 personagens para serem
eliminados. Eu confesso que particularmente só fiquei triste com a morte de 3
deles.
Sacanas do Asfalto é uma trama de superação. Todos
os personagens precisam superar o limite imposto pelo medo e a proximidade da
morte.
O elo de amizade entre os jovens fica ainda mais
forte ao passarem por esta experiência e se tornarem mais maduros diante a
vida.
Uma lição importante mostrada é o quanto a
vingança é capaz de se tornar a mola propulsora na vida de uma pessoa que teve seus
entes queridos arrancados do seu convívio. Quando o ódio cria raízes no coração
da pessoa ferida pela perda trágica e prematura o corrói transformando a pessoa
em um ser sedento por “justiça”.
Acabei recordando minha adolescência. Meu pai
adorava assistir filmes de ação extrema (eu o acompanhava). E ao visualizar as
cenas e criar um filme mental com elas fiquei imaginando o quanto ele iria
adorar assistir a esta história.
O homenageado Quentin que se cuide, pois a sua
criatura (o autor Robson) está prestes a devorar o criador.
Se você leitor está querendo uma aventura que faça
a adrenalina se elevar em suas veias a ponto de quase as explodir encontrou a
leitura desejada.
Pegue a estrada com estes Sacanas e torça para
chegar vivo ao final.
***
P.S:
Leiam o post publicado pelo Robson falando sobre as referências que utilizou
para criar a história.
Um leve bater de asas para todos!!!!
Khrys Anjos
A resenha ficou incrivelmente épica, Khrys! Sem exagero, foi uma das melhores que já li! O que mais me encanta nas suas análises, é que além de provar da fonte literária contida no livro, você simplesmente mergulha nela, ressaltando todos os pontos necessários para compreendermos melhor a sua visão. Estou enatando com esta resenha. Ganhei o dia! MUITO OBRIGADO! *-*
ResponderExcluirHistórias em que os protagonistas são diferentes do que estamos acostumados a ler são um tanto mais instigantes, parabéns pela resenha, você consegue resumir o conteúdo do livro de uma maneira incrível.
ResponderExcluirParabéns, espero que o blog continue crescendo <3
ResponderExcluirNunca tinha lido nada a respeito desse livro e fiquei super admirada com a história ao ler sua resenha. Logicamente criou-me um grande expectativa a respeito dele. Gosto de tramas assim, que envolve quem lê e que tenha personagens diferentes.
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