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sábado, 26 de novembro de 2016

(Resenha) Sacanas do Asfalto - Robson Gundim

Título: Sacanas do Asfalto 

Autor: Robson Gundim

Ano: 2016

Páginas: 274

Editora: PenDragon



Sinopse: Com a chegada das férias, três jovens estudantes decidem viajar para se divertirem no melhor festival de rock da ilha de Vera Cruz. Movidos por uma harmonia indestrutível, eles tomam a estrada e chamam a atenção de todos por onde passam. Porém, nem tudo parece ser tão agradável como supunham, sobretudo quando o líder de um grupo de motoqueiros resolve desafiá-los, mexendo com seus medos e feridas, em uma implacável perseguição.

Sacanas do Asfalto é um livro recheado de suspense, ação e reviravoltas, em uma homenagem ao renomado escritor e diretor Quentin Tarantino.




***



Não tem como falar sobre uma história narrada pelo Robson sem mostrar o dom que ele possui em dar (digamos) a segunda vida aos seus personagens os eternizando em imagens.

A ilha de Vera Cruz é o local escolhido para reunir um grupo de amigos e promover encontros aguardados por corações apaixonados.



                                                                               Teh              Júnior e André


Arthur. Rob e Teh

O trio composto por Arthur “Pequeno Homem”, Teh “Xena Brasileira” e Rob “Pen-Man se encontra com a dupla Vana e Daisy para comemorar o aniversário do André. Ainda se juntam ao grupo a Tainam e o Júnior.

Eles vão para o bar mais badalado da cidade e acabam tendo uma experiência desagradável que resulta no início de uma perseguição violenta ao grupo de amigos por uma gangue de motoqueiros punks liderada pelo Dante, filho de um político influente e cruel. 


No meio do caminho (literalmente) conhecem o traficante Samuel e seu comparsa Buda. A partir daí precisam lutar (literalmente) para sobreviverem às próximas 24 horas. Alguns infelizmente não conseguem esta proeza e são descartados de forma violenta da história.



Para que tenham a chance de igualar suas forças com as dos inimigos ganham o reforço das irmãs da Vana, Itana e Ivy, que compõem o “grupo” as 3 Furiosas. Na verdade a força foi consideravelmente aumentada com a chegada da dupla.

E no final os amigos “ganham” uma justíssima recompensa por sua bravura.

Esta seria uma história comum, que acontece com uma certa frequência na nossa sociedade, se não fosse por um detalhe mega importante: o autor.

O Robson criou uma trama inspirada num dos ícones da arte cinematográfica, mas o seu jeito talentoso de escrever tornou a história simples numa obra marcante.

Quem está acostumado a assistir os filmes assinados pelo Quentin irá se sentir em casa. O que não falta nesta trama é sangue escorrendo (literalmente) em todas as direções. Se você, caro leitor, for muito sensível aconselho a deixar uma toalha ao lado para limpar os respingos de sangue que por ventura caírem das páginas (ou mesmo um pedaço de cérebro ou um olho perdido). O universo Tarantinesco não é para quem tem medo de se sujar. É para os que estão dispostos a serem violentamente fortes.

A narrativa do Rob (o autor e não o personagem que também é escritor) é totalmente viciante. A adrenalina corre ferozmente nas veias e a ação acontece do início ao fim.

Tiros são deflagrados e armas brancas usadas com maestria pelas mulheres. Isso mesmo. As mulheres desta história não são como as donzelas dos contos de fada que esperam o príncipe resolver o problema. Elas assumem a responsabilidade e dão conta do recado de forma espetacular.

Eu particularmente virei fã das 3 Furiosas.

As irmãs Itana, Vana e Ivy



Sei que muita gente vai dizer que a violência gera violência. Que devemos entregar os bandidos nas mãos competentes da polícia e não fazer a justiça com as próprias mãos. Como seria maravilhoso se isso fosse verdade. 

Infelizmente estamos vivendo numa época que torna a sobrevivência a única coisa importante a fazer. Mesmo que para isso tenhamos que recorrer a meios não convencionais.

Não estou aqui levantando uma bandeira a favor da barbárie. Apenas dizendo que se tivesse a chance e a habilidade que as meninas demonstraram possuir em se defenderem faria o mesmo que elas. E sem nenhum remorso depois. Estou totalmente no clima dos Sacanas.

O que torna esta trama refletiva é que mostra que para ser um protagonista de uma história o personagem não precisa ser certinho. Os meninos e meninas aqui são usuários de drogas (ou já experimentaram alguma vez) e não têm medo de usar um revolver ou uma faca para matar. 


E o foco principal se torna a força feminina. Todas as garotas da trama são guerreiras.



Vou revelar dois segredinhos para vocês:

1º Toda história que envolve gangues e crime organizado sempre tem um policial disfarçado. Me surpreendi muito ao ver quem foi o personagem escolhido pelo autor para esta missão suicida. Esperava que fosse qualquer um menos este. Mas não irei estragar a surpresa de vocês. Quem quiser saber qual é este personagem terá que ler o livro para descobrir.

2º Tem um verdadeiro serial killer na história. Do início ao fim da trama totalizamos 15 corpos. Número bem expressivo para caracterizar um assassino em série. E este nome eu revelarei: Robson Gundim. Esta façanha poucos autores têm coragem de realizar. Criar 15 personagens para serem eliminados. Eu confesso que particularmente só fiquei triste com a morte de 3 deles.

Sacanas do Asfalto é uma trama de superação. Todos os personagens precisam superar o limite imposto pelo medo e a proximidade da morte.

O elo de amizade entre os jovens fica ainda mais forte ao passarem por esta experiência e se tornarem mais maduros diante a vida.

Uma lição importante mostrada é o quanto a vingança é capaz de se tornar a mola propulsora na vida de uma pessoa que teve seus entes queridos arrancados do seu convívio. Quando o ódio cria raízes no coração da pessoa ferida pela perda trágica e prematura o corrói transformando a pessoa em um ser sedento por “justiça”.

Acabei recordando minha adolescência. Meu pai adorava assistir filmes de ação extrema (eu o acompanhava). E ao visualizar as cenas e criar um filme mental com elas fiquei imaginando o quanto ele iria adorar assistir a esta história.

O homenageado Quentin que se cuide, pois a sua criatura (o autor Robson) está prestes a devorar o criador.

Se você leitor está querendo uma aventura que faça a adrenalina se elevar em suas veias a ponto de quase as explodir encontrou a leitura desejada.


Pegue a estrada com estes Sacanas e torça para chegar vivo ao final.



*** 


P.S: Leiam o post publicado pelo Robson falando sobre as referências que utilizou para criar a história.


Um leve bater de asas *O:-) anjinho  *O:-) anjinho  para todos!!!!

Khrys Anjos

4 comentários:

  1. A resenha ficou incrivelmente épica, Khrys! Sem exagero, foi uma das melhores que já li! O que mais me encanta nas suas análises, é que além de provar da fonte literária contida no livro, você simplesmente mergulha nela, ressaltando todos os pontos necessários para compreendermos melhor a sua visão. Estou enatando com esta resenha. Ganhei o dia! MUITO OBRIGADO! *-*

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  2. Histórias em que os protagonistas são diferentes do que estamos acostumados a ler são um tanto mais instigantes, parabéns pela resenha, você consegue resumir o conteúdo do livro de uma maneira incrível.

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  3. Parabéns, espero que o blog continue crescendo <3

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  4. Nunca tinha lido nada a respeito desse livro e fiquei super admirada com a história ao ler sua resenha. Logicamente criou-me um grande expectativa a respeito dele. Gosto de tramas assim, que envolve quem lê e que tenha personagens diferentes.

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