Título:
Fragmentados
Autor:
Neal Shusterman
Ano: 2015
Páginas:
368
Editora:
Novo Conceito
Sinopse: Em uma
sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos
reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria.
Unidos
pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma
alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se
conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto,
quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um
mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.
O
vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias
dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas
sobre o que realmente significa estar vivo.
***
Num
futuro próximo a humanidade cria um tipo de sociedade onde os pais decidem o
momento de se livrar de seus filhos indesejados ou desajustados os enviando
para serem fragmentados.
O que
isso significa? As crianças são literalmente partidas em pedaços e essas partes
são transplantadas em outras pessoas (não sobra nada para ser enterrado. Cada órgão
é utilizado para restaurar o corpo de um doente ou acidentado).
Os pais
acreditam que desta maneira não estão matando seus filhos. Apenas os mantendo
vivos em outros corpos.
As
crianças que não concordam com este destino determinado pelos pais, ou pelo
governo no caso de a criança não possuir pais, precisam fugir e contar com a
ajuda de pessoas que também não aceitam esta solução para acabar com o problema
dos desajustados.
Assim
conhecemos nossos 3 personagens principais desta trama:
Connor
que foi mandado para a fragmentação pois os pais o consideravam muito arredio e
problemático.
Lev que
será um dízimo (sacrifício humano) pois a família é grande.
Risa que
vive numa Casa Estadual desde que perdeu os pais e vai ser fragmentada pois o
governo precisa cortar os gastos.
3 adolescentes,
1 destino programado e 1 história para nos mostrar do que o ser humano é capaz.
Esta
trama é mesmo uma distopia ou será este o nosso futuro?
Neal
criou uma história com uma base na realidade. Nós humanos temos uma propensão a
destruir aquilo que não compreendemos ou aceitamos.
E se esta
vontade de eliminar nossos “problemas” se voltasse contra os nossos filhos que
só nos dão desgostos?
Vivemos numa
sociedade que ensina as crianças a caçarem por diversão, a se divertirem com o
sofrimento de suas “presas” e não amar o próximo.
Então por
que não mandar um filho para a fragmentação? Esta é a questão que cada leitor
terá que responder.
Este “futuro”
que o Neal criou para a raça humana não é uma simples distopia. Vai muito além
disso.
Põe em
xeque os valores morais que aprendemos a seguir e o que acreditamos ser o nosso
direito de interferir no destino de nossos filhos.
A
fragmentação descrita no livro é física, mas nós a praticamos todos os dias na
vida real em nossas mentes, em nossos sentimentos e nas nossas almas.
Estamos
sempre dividindo um pedacinho nosso com uma outra pessoa. E quando partimos
deixamos estes pedaços guardados com o outro até nos reencontrarmos para
finalmente unir todas as partes.
Estes 3
adolescentes demonstraram ter maturidade ao resolverem tomar as rédeas das suas
vidas nas próprias mãos e lutar contra um destino que não era para ser seguido.
O
desenrolar da história mostrou cada etapa dessa transformação. Até chegarem ao
ponto que pensaram não haver mais esperanças e mesmo assim não permitiram que
sobrepujassem suas almas.
Mais uma
questão para o leitor: você seguiria este “destino” programado ou se tornaria o
único guia da carruagem da sua vida?
Por mais
difícil que seja a nossa relação com um filho optar por fragmentá-lo é o mesmo
que pedir para ser fragmentado pois uma grande parte sua será dividida. E esta
divisão irá chegar até a sua alma.
Será que
este “futuro” está sendo programado para se tornar a realidade?
Acredito
que enquanto nós deixarmos que os outros façam as escolhas por nossas vidas
estamos sim aptos a criar esta abominável realidade.
O que
temos de mais importante e que poucos lhe dão o devido valor é a vida.
A maneira
como lidamos com as pessoas e como as suas atitudes nos afetam assim como as
nossas os afetam é que irão determinar o nosso caráter e qual destino iremos
ter.
Os pais
acreditam que por ter dado à vida aos filhos podem decidir o que fazer com ela
se esquecendo que os filhos não são feitos de plásticos como os brinquedos.
Imaginem
para uma criança ter que lidar com a rejeição de quem ela acredita deveria
sentir um imenso amor? E se os pais a enviam para ser fragmentada?
Coloque-se
no lugar desta criança por um minuto e sinta todas as emoções que ela com
certeza estará sentindo: dor, mágoa, revolta, ódio, desprezo, dúvida, agonia.
Será que
já fizemos um filho passar por esta experiência?
E você
como pai ou mãe seria capaz de enviar um filho para a Colheita? Conseguiria
dormir tranquilamente depois?
Como
podem ver são muitas lições a serem aprendidas com esta história. Muitas
reflexões a serem feitas. Muitas escolhas a serem tomadas.
Nosso “futuro”
pode ser modificado agora desde que estejamos dispostos a amar verdadeiramente
o próximo e ensinar nossos filhos a valorizarem a vida.
Um leve bater de asas para todos!!!!
Khrys Anjos
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