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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

(Resenha) Fragmentados - Neal Shusterman

Fragmentados
Título: Fragmentados

Autor: Neal Shusterman

Ano: 2015

Páginas: 368

Editora: Novo Conceito



Sinopse: Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria.
Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.
O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.



***



Num futuro próximo a humanidade cria um tipo de sociedade onde os pais decidem o momento de se livrar de seus filhos indesejados ou desajustados os enviando para serem fragmentados.

O que isso significa? As crianças são literalmente partidas em pedaços e essas partes são transplantadas em outras pessoas (não sobra nada para ser enterrado. Cada órgão é utilizado para restaurar o corpo de um doente ou acidentado).

Os pais acreditam que desta maneira não estão matando seus filhos. Apenas os mantendo vivos em outros corpos.

As crianças que não concordam com este destino determinado pelos pais, ou pelo governo no caso de a criança não possuir pais, precisam fugir e contar com a ajuda de pessoas que também não aceitam esta solução para acabar com o problema dos desajustados.

Assim conhecemos nossos 3 personagens principais desta trama:

Connor que foi mandado para a fragmentação pois os pais o consideravam muito arredio e problemático.

Lev que será um dízimo (sacrifício humano) pois a família é grande.

Risa que vive numa Casa Estadual desde que perdeu os pais e vai ser fragmentada pois o governo precisa cortar os gastos.

3 adolescentes, 1 destino programado e 1 história para nos mostrar do que o ser humano é capaz.

Esta trama é mesmo uma distopia ou será este o nosso futuro?

Neal criou uma história com uma base na realidade. Nós humanos temos uma propensão a destruir aquilo que não compreendemos ou aceitamos.

E se esta vontade de eliminar nossos “problemas” se voltasse contra os nossos filhos que só nos dão desgostos?

Vivemos numa sociedade que ensina as crianças a caçarem por diversão, a se divertirem com o sofrimento de suas “presas” e não amar o próximo.

Então por que não mandar um filho para a fragmentação? Esta é a questão que cada leitor terá que responder.

Este “futuro” que o Neal criou para a raça humana não é uma simples distopia. Vai muito além disso.

Põe em xeque os valores morais que aprendemos a seguir e o que acreditamos ser o nosso direito de interferir no destino de nossos filhos.

A fragmentação descrita no livro é física, mas nós a praticamos todos os dias na vida real em nossas mentes, em nossos sentimentos e nas nossas almas.

Estamos sempre dividindo um pedacinho nosso com uma outra pessoa. E quando partimos deixamos estes pedaços guardados com o outro até nos reencontrarmos para finalmente unir todas as partes.

Estes 3 adolescentes demonstraram ter maturidade ao resolverem tomar as rédeas das suas vidas nas próprias mãos e lutar contra um destino que não era para ser seguido.

O desenrolar da história mostrou cada etapa dessa transformação. Até chegarem ao ponto que pensaram não haver mais esperanças e mesmo assim não permitiram que sobrepujassem suas almas.

Mais uma questão para o leitor: você seguiria este “destino” programado ou se tornaria o único guia da carruagem da sua vida?

Por mais difícil que seja a nossa relação com um filho optar por fragmentá-lo é o mesmo que pedir para ser fragmentado pois uma grande parte sua será dividida. E esta divisão irá chegar até a sua alma.

Será que este “futuro” está sendo programado para se tornar a realidade?
Acredito que enquanto nós deixarmos que os outros façam as escolhas por nossas vidas estamos sim aptos a criar esta abominável realidade.

O que temos de mais importante e que poucos lhe dão o devido valor é a vida.
A maneira como lidamos com as pessoas e como as suas atitudes nos afetam assim como as nossas os afetam é que irão determinar o nosso caráter e qual destino iremos ter.

Os pais acreditam que por ter dado à vida aos filhos podem decidir o que fazer com ela se esquecendo que os filhos não são feitos de plásticos como os brinquedos.

Imaginem para uma criança ter que lidar com a rejeição de quem ela acredita deveria sentir um imenso amor? E se os pais a enviam para ser fragmentada?

Coloque-se no lugar desta criança por um minuto e sinta todas as emoções que ela com certeza estará sentindo: dor, mágoa, revolta, ódio, desprezo, dúvida, agonia.

Será que já fizemos um filho passar por esta experiência?

E você como pai ou mãe seria capaz de enviar um filho para a Colheita? Conseguiria dormir tranquilamente depois?

Como podem ver são muitas lições a serem aprendidas com esta história. Muitas reflexões a serem feitas. Muitas escolhas a serem tomadas.

Nosso “futuro” pode ser modificado agora desde que estejamos dispostos a amar verdadeiramente o próximo e ensinar nossos filhos a valorizarem a vida.


Um leve bater de asas *O:-) anjinho  *O:-) anjinho  para todos!!!!

Khrys Anjos

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