Título:
Ausência
Autora:
Flávia Cristina Simonelli
Editora:
Novo Século
Páginas:
279
Ano: 2012
Sinopse: “O que
é um homem sem memória? Um homem que não se reconhece mais em nenhum tempo,
nenhum lugar, nenhum rosto?” Daniel é médico neuropsiquiatra e começa a tratar
de Ervin de Apolinário, professor aposentado que apresenta uma doença
degenerativa. Tudo estaria dentro da rotina do consultório, não fosse a doença
de Alzheimer reavivar na memória de Daniel antigas dores, misturadas à paixão
obcecada por Natasha, filha do paciente, provocando a desestruturação de seu
casamento e a culpa por transpor seus limites éticos. Ausência é um romance que
coloca ao leitor uma questão perturbadora: o que acontece quando a mente começa
a apagar as lembranças que constituem a própria biografia? O desenvolvimento do
Alzheimer e o dilema de Daniel são o fio condutor dessa trama permeada por
relações complexas e questionamentos existenciais que levam a refletir sobre o
dinamismo inesperado da vida.
***
Nesta
história conhecemos o Ervin de Apolinário, um renomado professor de Literatura
que tem os sintomas da doença de Alzheimer agravados a cada dia.
Sua
esposa Margarida não sabendo mais como lidar com este problema procura a ajuda do
neuropsiquiatra Daniel, que é casado com Milene a 17 anos e pai de dois meninos.
Daniel
reluta um pouco em ter o Ervin como seu paciente pois quando criança perdeu a
avó Dione para esta doença.
Ao
conhecer a psicóloga Natacha, filha do Ervin se apaixona perdidamente a ponto de
virar uma verdadeira obsessão.
E após 17
anos sendo fiel a sua esposa não pensa nas consequências e a trai com a
Natacha.
Também
temos o doutor Lamartine que foi o mentor do Dniel na universidade e o Alberto,
filho do Ervin que mora no Canadá.
Depois de
sabermos quem é quem na história vamos aos fatos:
Ervin
após tantos anos se dedicando arduamente ao trabalho acaba sendo derrotado pelo
Alzheimer. É mostrada no decorrer da trama todas as etapas pelas quais os
pacientes com esta doença passam e como isto afeta as vidas de todos os que com
ele convivem.
Quando
dona Margarida vai procurar a ajuda do Daniel não imagina que irá levar também
mais um problema para a sua família.
Daniel
tem que enfrentar seus fantasmas do passado devido a esta mesma doença que o
fez perder sua avó ainda na infância e logo após a sua mãe.
Natacha
depois de se divorciar de um marido que a traia se deixa seduzir pelo doutor
Daniel.
Acredito
que no fundo ela quis de uma forma inconsciente se vingar das mulheres que
ajudaram seu marido a lhe trair.
Fiquei
triste com esta atitude dela pois durante os diálogos que ela teve com o Daniel
parecia ser uma pessoa mais centrada. E por já ter sofrido na pele a dor da
traição deveria ter pensado mais nos sentimentos da Milene.
O Daniel
se casou por obrigação e se acomodou no papel de homem casado e certinho. E
quando encontrou alguém que fez seu sangue ferver de paixão (o que ele
realmente sentia pela Natacha era paixão e num grau que pode levar um homem a
cometer loucuras) não se importou com as consequências e traiu a esposa. Mesmo
pensando antes, durante e depois do ato que estava fazendo algo errado, que sua
esposa não merecia ser tratada assim.
Isso
mostra que mesmo os psicólogos e psiquiatras que estão acostumados a lidar com
os problemas de seus pacientes todos os dias também são humanos e passíveis de
cometer erros nas suas vias particulares.
Não posso
dizer o que acontece no final da história só posso dizer que vibrei muito com o
que desfecho. Uma grande lição que deveria ser aprendida por todos.
***
Confesso
que este foi o livro mais difícil que já li. Tive que fazer algo que não
costumo fazer: ler um capítulo, dar uma pausa, ler outro livro e voltar a
leitura deste.
Vou
explicar o motivo: Quando recebi este livro já tinha lido a sinopse e algumas resenhas
sobre ele e já sabia o que iria encontrar – o drama da doença de Alzheimer.
Meu pai
faleceu a 3 anos e lendo este livro tive a certeza de que ele vinha sofrendo
desta doença (na época só tinha a hipótese). Os sintomas descritos eram os que
ele apresentava.
Teve
momentos que foi como se estivesse vendo o meu pai sendo retratado ali e
continuar lendo nesta hora foi difícil.
O
arrependimento pelo qual a dona Margarida passa de ficar se lamentando por não
ter tido a paciência para lidar com o Ervin me fez rever minhas atitudes com
relação ao meu pai também.
Sabe
aquela famosa frase: “Isso só acontece com os outros. Na minha família, não”. É
exatamente assim que estamos acostumados a agir. Não queremos enxergar o que
está bem diante de nossos olhos e depois só nos resta o arrependimento.
Por isso
peço a todos que leiam este livro. Ele vai tirar esta cortina dos seus olhos e
vai te mostrar como esta doença pode estar levando um ente querido seu para
este abismo.
Meu pai
vivia dizendo que não queria ficar velho dando trabalho pra gente. Acho que por
isso acabou tendo um infarto. Ele não admitia depender dos outros.
Como não
posso voltar no tempo para modificar o passado vou pelo menos modificar meu
futuro. Agora sei que esta doença é hereditária e que precisarei me cuidar mais.
Além de ficar mais alerta com relação a minha mãe.
Deixo
aqui este relato para que quem o estiver lendo possa refletir sobre como tem
tratado seu pai ou mãe quando eles agem com uma agressividade gratuita ou com
os esquecimentos, sintomas típicos desta doença.
É
fundamental procurar ajuda profissional pois não podemos lidar com esta doença
mascarando os sintomas. Esta é uma doença grave que afeta e abala todos os
envolvidos não somente o doente.
A Flávia
está de parabéns por ter tido a iniciativa de mostrar para os leitores toda a
avalanche de sentimentos, emoções e consequências desta doença.
Khrys Anjos
Não conhecia este livro mas gosto muito deste tipo de leitura e já anotei aqui para adquiri-lo. Tive uma vó com Alzheimer e sei muito bem a dificuldade que é lidar com pessoas com esta doença e o carinho que elas necessitam.
ResponderExcluirEstou seguindo seu blog para acompanhar as atualizações e sempre que puder fazer uma visita.
Abraços
http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/